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A Netflix está dando (mais um!) passo atrás e revisando uma velha política em relação à Apple

Essa é quase uma surpresa, eu diria. Há alguns anos, a empresa fundada por Steve Jobs revitalizou sua estratégia para streaming de vídeo lançando o app Apple TV, que tem como objetivo ser um hub para esse tipo de serviço — um modelo também seguido pela Amazon. Em um mesmo lugar, o usuário encontra filmes em modelo transacional (aluguel e compra), pode assinar canais (incluindo o próprio Apple TV+), ter um histórico/controle único e curadoria compreendendo todas os SVODs existentes.

Ou quase todas. Grupos como Disney, Warner e Paramount toparam, trazendo para essa “página inicial do streaming” suas plataformas. Contudo, a Netflix ficou de fora.

Fazia sentido: por ser pioneira, a companhia largou na frente de todos os outros e possui dominância no vídeo sob demanda. Ela simplesmente não precisa se diluir com as concorrentes em uma vitrine gerenciada por terceiros. A tela inicial da Netflix já é, na prática, esse “hub de um serviço só”.

Isso não é da minha cabeça, não. Em 2018, o cofundador e então CEO Reed Hastings afirmou isso com todas as letras em um evento: “Queremos que as pessoas assistam ao nosso serviço — ou ao nosso conteúdo no nosso serviço. E então escolhemos não integrar no serviço deles, porque preferimos que nossos clientes assistam ao nosso conteúdo no nosso serviço.”

Sim, o executivo usou a palavra “serviço” quatro vezes em duas frases. Simplesmente porque queria enfatizar que o que eles vendem não são filmes e séries, mas um produto que contém essas produções. Não fazia sentido colocar esses títulos em outra prateleira. Agora, pelo jeito, faz.

De acordo com The Verge, alguns usuários do ecossistema Apple já estão sendo convidados a adicionar a Netflix ao app Apple TV. Com a integração, é possível ver até “Round 6” sendo recomendado ao lado de “Ruptura” e “The Mandalorian”, num exemplo hipotético.

Sem um posicionamento oficial, só podemos especular o que mudou. Chuto que, a essa altura, a saturação do mercado de vídeo online – principalmente nos EUA – fez a Netflix repensar a estratégia. Com franquias mais consolidadas, devem acreditar que disponibilizá-las em uma vitrine externa, ao lado dos concorrentes, traga mais espectadores. Principalmente em uma realidade na qual precisam veicular anúncios.

Eles também devem ter certeza de que ninguém que usa a Netflix como página inicial para o streaming vá trocá-la pela Apple TV. Eu, no entanto, não pagaria para ver.

Será que agora a empresa de Reed Hastings também irá para o Google TV?